24 jan O desafio da aposentadoria para os jovens
No Dia da Previdência Social e dos Aposentados, é preciso refletir sobre uma questão a cada dia (literalmente) mais importante: a aposentadoria dos jovens de hoje.
A Reforma Previdenciária aprovada em 2019 pelo governo Bolsonaro trouxe mudanças que vêm afetando a relação dos mais jovens com a aposentadoria. Duas delas:
– A idade mínima para aposentar (salvo exceções) passou a ser de 65 anos para homens e 62 para mulheres.
– O tempo mínimo de contribuição para os trabalhadores do setor privado passou a ser de 20 anos para homens (15 anos para quem já está no mercado) e 15 anos para mulheres.
As duas alterações acima criaram uma “armadilha” para os mais jovens. Por um lado, eles passaram a não ter pressa em começar a contribuir para a Previdência, já que não há mais a aposentadoria por tempo de serviço. Mas por outro, o tempo mínimo de contribuição aumentou – para se aposentar com salário integral, é preciso ter contribuído por pelo menos 35 anos. Ou seja: querendo ou não, permanece sendo importante iniciar os recolhimentos para a Previdência o quanto antes.
Além disso, o cálculo do valor da aposentadoria agora é feito pela média de todos os salários recebidos pelo trabalhador, e não mais de 80% deles. Na prática, isso significa redução do valor a ser recebido. Para os jovens, o alerta é o seguinte: não basta ter recolhimentos feitos; é desejável que eles sejam sobre valores maiores, para proporcionar uma aposentadoria mais confortável.
Esse cenário se intensifica por causa de dois fenômenos. Primeiro, o caráter imediatista da chamada “Geração Z”, que define os mais jovens. Eles são habitualmente despreocupados com o futuro, que veem como “muito distante”. De acordo com pesquisa realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL), 75% dos jovens nascidos a partir de 1995 não se preparam para a aposentadoria.
Segundo, o avanço dos trabalhadores informais no Brasil como alternativa para o desemprego crescente. A maioria desses trabalhadores não efetua recolhimentos como autônomos, inclusive pelo caráter instável da renda. O não recolhimento de milhões de trabalhadores vai sobrecarregando o sistema, já que os ativos é que pagam a aposentadoria dos inativos. E dessa forma, as ameaças à saúde financeira do INSS, que serviram de argumento para a Reforma, prosseguem – e afetam todos nós.
Por isso, aproveitamos a data para trazer à juventude um alerta: estejam atentos ao futuro. Informem-se, pesquisem, busquem orientação jurídica. Verifiquem possibilidades de previdência complementar. E ajam o quanto antes, porque o amanhã chega muito mais rápido do que imaginamos.
Aproveitamos também para destacar a importância do fortalecimento do movimento sindical para proteger os trabalhadores de mudanças tão nocivas quanto as trazidas pelas reformas da Previdência e Trabalhista. Somente com participação popular e união das categorias profissionais podemos influenciar a opinião pública, barrar absurdos e tentar equilibrar o jogo com os patrões e seus representantes na política. Apoie o sindicato, sempre! A luta é árdua e permanente, mas pelo nosso futuro vale a pena.