Consciência negra é consciência histórica

Quantas vezes já ouvimos pessoas dizerem que não há racismo no Brasil? Que os episódios de preconceito flagrados em vídeos são casos pontuais? Que somos um país tolerante e cordial?

O Dia da Consciência Negra, comemorado neste domingo, 20 de novembro, é uma grande oportunidade para refletirmos sobre o racismo estrutural.

Segundo o site “Brasil de Direitos”, racismo estrutural é “a naturalização de ações, hábitos, situações, falas e pensamentos que já fazem parte da vida cotidiana do povo brasileiro, e que promovem, direta ou indiretamente, a segregação ou o preconceito racial.”

O racismo estrutural está na desconfiança que se sente quanto à índole de alguém preto – ainda que nada seja dito. Está em anedotas que diminuem os pretos. Está em eufemismos como dizer “moreno” ou “pessoa de cor”. Está na mudança de calçada quando se vai cruzar com um preto na rua. Está até na língua, quando falamos “denegrir”, “inveja branca” ou “da cor do pecado”.

Pois é. Por mais que alguns neguem, somos um país racista de diversas formas, algumas explícitas, outras veladas ou despercebidas. Reconhecer isso é um passo importante para evoluirmos. Para entendermos que nossa história é tão fortemente marcada pela escravidão que extirpar essa mácula é muito difícil. Leva tempo, porque envolve profundas mudanças culturais e sociais. E por isso mesmo, deve ser fortalecida o tempo todo. Como em datas como essa, inspirada na luta de Zumbi dos Palmares e dedicada a tantos outros que sofreram e ainda sofrem com o mais absurdo dos comportamentos humanos: separar as pessoas em função da cor da pele.