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Primeiro de Maio, Dia de Luta e Luto


O primeiro de maio, dia historicamente voltado para as lutas e reivindicações da classe trabalhadora em muitos países, também nos remete a uma reflexão sobre o que temos hoje do legado daqueles que nos precederam, de tantas utopias e esperanças, de sonhos e de possibilidades que, nas impossibilidades do cotidiano, não morreram, mas sofreram duros golpes em vários campos, da política tradicional, dos arranjos econômicos, das conquistas sociais e da cultura.

Um primeiro de maio que veio agora com gosto amargo de derrota e de tragédia, seja nos retrocessos da legislação trabalhista e nos direitos humanos fundamentais que vão sofrendo ataques diários ou no luto, na indignação e dor de incêndios em favelas, desmoronamento de encostas soterrando pessoas, famílias eu perderam tudo, vidas, amigos, parentes, os poucos utensílios domésticos e roupas do cotidiano precário de quem busca alguma dignidade ainda.
Descaso, omissão dos poderes públicos nas três esferas, um nefasto jogo de “empurra” das responsabilidades devidas e não cumpridas, preconceito, invisibilidade social, manipulações diversas. Mas também a solidariedade anônima dos que se mobilizam com afeto e ações concretas, para tentar confortar no calor de um abraço ou um gesto simples quem está à margem da margem, em uma sociedade que ainda não consegue lidar totalmente de frente com a diferença, a tolerância e a convivência de outras formas de pensar, agir e viver que não sejam as pré-estabelecidas ou tidas como “padrão”.

Precisamos urgentemente de outros maios, outras primaveras, que abalem estruturas e arejem as consciências, que transformem, ainda que pouco a pouco, num ritmo sempre mais lento que as urgências cotidianas, os modos de pensar as cidades e a vida de milhões de seres humanos nelas, o convívio com outras vidas não humanas também, os animais, as plantas, as forças e elementos da natureza, muito maiores que qualquer possível civilização. Mais que nunca, é necessário criatividade e utopia, no plano real e imaginário. Desprendimento, ousadia, solidariedade, tolerância, paz e amor. “É proibido proibir” ainda está valendo, cinquenta anos depois.

 
Fonte: Pedro Ortiz, https://titividal.com.br
 
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